Minc disse que país abriu mão de recursos de adaptação.
Dilma desautorizou o ministro: ‘pedi para o Minc esclarecer isso’.
No dia em que a Conferência sobre Mudanças Climáticas, na Dinamarca, chegou a uma fase nova, as divergências entre os países se refletem, também, entre dois ministros da delegação brasileira.
O caos do lado de fora. Filas de até seis horas, no frio abaixo de zero grau. A organização credenciou três vezes mais pessoas do que a capacidade do prédio.
De cada 22 membros de organizações não-governamentais que já tinham credencial, só um pôde entrar no prédio. E entrou para encontrar negociações também caóticas e sem avanços.
“Mesmo se fracassar, Copenhague já é um sucesso”, avaliou o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. “Não podemos esperar pelos governos federais”, disse ele, que citou como exemplo o acordo do Greenpeace com os frigoríficos do Brasil para não comprar gado criado em áreas devastadas.
O ator de “O exterminador do futuro” veio com a autoridade de quem implementou no maior e mais rico estado americano, as leis mais ousadas do país de cortes de emissões. Ele falou em um evento que teve a participação também do governador de São Paulo, José Serra.
No fim do dia, a abertura das negociações de alto nível. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e o príncipe Charles deram peso ao momento histórico que se aproxima.
A presidente da conferência, Connie Hedegaard, fez um apelo dramático: “Preciso alertá-los que de podemos falhar. Precisamos escolher entre a fama e a vergonha.” Em uma entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, ela disse que todos os emergentes devem se comprometer a ações, como o Brasil já fez.
“Copenhague não deve repetir Kioto. Os Estados Unidos não tinham metas de redução dos gases que provocam efeito estufa e os países emergentes não tinham compromisso. Hoje, todos têm que ser parte da solução”, afirmou a presidente.
Divergências
Na delegação brasileira, o ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, e a chefe da delegação, a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, têm tido divergências de linguagem.
Com relação aos recursos de adaptação às mudanças climáticas, o ministro diz que o Brasil abriu mão. “Eu, em nenhum momento, neguei que existem categorias diferentes. Ao contrário, não só reconheci, como defendi o tratamento diferenciado. Disse: ‘olha, recursos de adaptação nós abrimos mão só para os muito pobres.’”
A ministra desautorizou: “Pedi para o Minc esclarecer isso, porque, às vezes, as pessoas confundem. O que queremos são financiamentos para mitigação.” Mitigação é a redução de gases que provocam o efeito estufa.
Na segunda-feira, em uma apresentação do plano brasileiro, a ministra cometeu uma gafe. “O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável. E isso significa que é uma ameaça para o futuro do planeta e para os nossos países”, disse Dilma.
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