Policiais que fazem parte de forças especiais sabem bem o quanto é difícil se preparar para atuar em um tipo específico de ambiente. Existem cursos de técnicas e táticas urbanas, de Caatinga, Selva, Mata Atlântica, montanha etc., cada qual direcionado ao ambiente em que o profissional deseja se especializar. Por isso, é de se admirar o trabalho do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal (COT), um grupamento preparado para atuar em qualquer localidade do país que possui uma das maiores diversidades climáticas e de vegetação do mundo.
O COT foi criado em 1987 pelo Ministério da Justiça, com o objetivo inicial de combater atos terroristas que ocorressem em território nacional, como seqüestros de aeronaves e atentados com bombas. Porém, no decorrer de seu desenvolvimento, o COT também vem sendo empregado em ações como apreensão de drogas, ações de desapropriação, conflitos rurais, segurança de dignitários, escolta de presos perigosos, ações nas fronteiras, gerenciamento de crises etc.
Em praticamente todas as grandes operações da Polícia Federal o COT é empregado, como a Operação Anaconda, contra o crime organizado, e a Operação COBRA, (COlômbia-BRAsil) que tem como objetivo desarticular o narcotráfico na fronteira do Brasil com a Colômbia, através da identificação de bases de produção de cocaína sob o domínio das Farc. São mais de 120 missões por ano, onde o COT é o “grand finale” das investigações realizadas por policiais federais “comuns”.
Com um efetivo de cerca de 40 homens, o Comando de Operações Táticas não obriga nenhum policial federal a ingressar em seus quadros:
“A escolha dos membros é pautada na conduta e experiência profissional, além do potencial para desempenhar tarefas de difícil execução. Em primeiro lugar é preciso que o policial seja voluntário. Ninguém vai para lá por obrigação. As etapas seguintes são: aplicação de testes físicos, pesquisa sobre a vida funcional e, por fim, uma entrevista direcionada para a atividade a ser desenvolvida.”
Treinamento, Uniforme e Equipamento
Os policiais do COT passam por cursos de sobrevivência na selva, montanhismo, análise e operação de informações, mergulho, pára-quedismo, segurança de dignitários, negociação em delitos com reféns, táticas de resgate de reféns etc. Toda essa gama de conhecimento é adquirida no relacionamento com entidades policiais de várias partes do Brasil e do Mundo, como forças especiais dos Estados Unidos, França e Alemanha, além das Forças Armadas brasileiras.
No COT, que está localizado em Brasília e é o maior centro de treinamento tático da América Latina, o policial não pode se descuidar do preparo físico, que é testado semestralmente mediante Teste de Aptidão Física (TAF). Segundo a Wikipedia, esses são os índices exigidos:
• Correr 3 km em 15 minutos;
• Correr 100 m em até 15 segundos;
• Efetuar 10 flexões na barra fixa (pronação);
• Efetuar 35 flexões de braço no solo;
• Efetuar 50 abdominais “tipo remador”, em 80 segundos;
• Sustentar-se na barra fixa por 60 segundos;
• Subir 6 metros de corda (podendo utilizar os pés);
• Nadar 200 metros em 5 minutos (estilo livre);
• Saltar de uma plataforma de 10 metros na água;
• Flutuar na água durante 20 minutos.
Os membros do COT atuam com os mais diversos trajes, desde completamente camuflados, em vários padrões (brasileiro, americano, francês etc.), para os mais variados ambientes como selva e urbano, até as camisas pretas com o distintivo do Departamento de Polícia Federal e bonés com a sigla COT. Gorros pretos, chapéus camuflados e capacetes também podem ser usados, de acordo com a ocasião.
Nos treinamentos, os policiais chegam a dar milhares de tiros, com os diversos armamentos que o COT utiliza. Fuzis automáticos, rifles de snipers, submetralhadoras e pistolas são algumas das armas utilizadas, sendo o fuzil M16 a arma-símbolo do grupamento, aparecendo inclusive no brasão da unidade, carregado por uma águia, que representa a força, a inteligência, a garra, a união e o espírito de luta do Grupo.
O site do DPF diz que “Os membros do COT têm como fundamentos doutrinários, a unidade de grupo, hierarquia, disciplina e lealdade”. Aos policiais militares que me lêem não soará estranho o binômio “Hierarquia e Disciplina”, pilares da doutrina militar. Apesar das controvérsias que o (ab)uso de tais princípios geram no dia-a-dia policial, dificilmente uma tropa de choque, especializada e de repressão, dará certo sem tais mandamentos. Para finalizar, e mostrar o quão chega perto do militarismo a doutrina de treinamento do COT, deixo um vídeo de uma matéria do Fantástico, que foi ao ar ano passado, mostrando o dia-a-dia e as missões do COT:
Retirado de: http://abordagempolicial.com/2010/02/cot-comando-de-operacoes-taticas-policia-federal/
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