Amanda Almeida - Estado de Minas
Publicação: 03/02/2010 07:23 Atualização: 03/02/2010 08:58
Nessa terça-feira, agentes vigiavam estacionamento na área hospitalar
Era o primeiro dia do retorno à fiscalização de trânsito depois de suada conquista na Justiça do poder de autuação. Mas, diante das câmeras e gravadores, o discurso da Guarda Municipal de Belo Horizonte (GM) nessa terça-feira era um só: “Multar menos e dialogar mais”.
Uma aposta para evitar a antipatia que boa parte da cidade construiu em relação aos fiscais da BHTrans, demonstrada em pesquisa da própria empresa, que em dezembro foi proibida de multar pelo Superior Tribunal de Justiça. O levantamento indica que 53% dos motoristas veem a fiscalização como estratégia para aumentar o faturamento.
A orientação para os 120 guardas municipais foi dada nas aulas teóricas e práticas com professores da BHTrans e do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) e reuniões com o comando da corporação, durante a semana passada. “O guarda deve trabalhar com bom senso. Deve promover o diálogo até o esgotamento e só multar se necessário. Nosso papel é corrigir o infrator”, explica o gerente operacional da guarda, Custódio Diniz.
Saiba mais...
Guarda Municipal multa a partir desta terça-feira Volta às aulas é promessa de caos no trânsito de BH
No trânsito, a guarda atua na Região Centro-Sul, principalmente na Savassi, Hipercentro e área hospitalar, no Bairro Santa Efigênia. Ontem foi dia de motoristas tirarem dúvidas e olharem desconfiados para os guardas. “As pessoas ainda estão perguntando se estamos multando e como agiremos nas ruas. Nossa proposta é ter um bom diálogo com todos. Prova disso é que ainda não apliquei multas”, relata o guarda municipal Márcio Santos, depois de cinco horas de trabalho.
Até mesmo a ausência das temidas multas causou mais estranhamento do que confiança aos motoristas. “Tinha um carro na área reservada para carga e descarga. Em vez de rebocar, o guarda deixou o infrator seguir sem multa. Se fosse a BHTrans, o carro já estaria removido antes de o condutor chegar”, conta o motorista de caminhão Robson Wilson Bibiano, de 35 anos, defendendo que a cidade precisa de fiscalização para evitar abusos.
Apesar do retorno às ruas, o poder de multas da Guarda Municipal ainda está ameaçado. O Ministério Público Estadual (MPE) deve, nos próximos dias, recorrer da liminar julgada no mês passado pela Corte Superior do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que deu direito à corporação municipal de fiscalizar o trânsito.
Rotativo
Apesar de tentar mudar a impressão dos infratores da capital quanto aos motivos da multa e alegar ter como principal objetivo ajudar na fluidez do trânsito, os guardas municipais vão dar atenção especial a um tipo de fiscalização bastante questionada: as infrações de estacionamento.
Dos 120 guardas na rua, 30 foram treinados especialmente para flagrar autuações de estacionamento, como rotativo, carga e descarga, desrespeito a horários e locais permitidos. Equipe maior do que a da BHTrans, que trabalhava com 19 agentes para esse tipo de infração. No ano passado, a empresa de trânsito aplicou 98.029 multas de estacionamento, ou 16% do total de 611.054.
Mesmo com o investimento, a guarda insiste que privilegiará o diálogo. “Se o motorista não se opor e respeitar o guarda, não será multado. Mas é claro que, em caso de insistência ou ausência do motorista para tirar o carro, a multa será aplicada”, diz Custódio. A GM não tem carro de reboque e, quando necessário, acionará a BHTrans para remover o veículo.
Retirado de:
Nenhum comentário:
Postar um comentário