Convidado, fui à segunda reunião para a escolha do Conselho Comunitário de Segurança, dia 15 do corrente, no Iate Clube de Muriqui.
Fui sabendo que não poderia haver escolhas nem inscrições para os interessados em fazer parte do Conselho. A Resolução nº 781/2005 da Secretaria Estadual de Segurança Pública, alterada pela Resolução nº 78/2007, em seu artigo 9º diz que “Em caso de inexistência ou inatividade de CCS, na referida área, caberá aos membros natos convocar reunião, e, mediante deliberação consignada em ata, identificar e convidar representantes da sociedade civil para sua implementação ou reativação, nos termos deste regulamento.”
Os membros natos – o comandante da PMERJ e o Delegado Titular de Polícia Judiciária da área abrangida pelo CCS – não compareceram à reunião pois esta teria que ser convocada por eles. Estiveram presentes cinco vereadores, representantes da Guarda Municipal e alguns poucos interessados no tema.
A reunião, porém, foi produtiva. Questionei os vereadores sobre a Guarda Municipal cujas atribuições não podem se restringir à proteção dos bens, serviços e instalações municipais. Defendi que a GM tem que atuar com políticas preventivas de segurança em conjunto com a PMERJ e a Polícia Civil. E, para isso, tudo depende exclusivamente dos vereadores.
Afinal, temos 303 agentes em nossa Guarda Municipal e nem tantos bens e instalações. É um agente para cada 99 habitantes. Uma exorbitância se compararmos com outras cidades como:
Ribeirão Preto/SP: 263 gms e 563.000 habs (1 p/cada 2.140 habs);
Diadema/SP: 206 gms e 390.000 habs (1 p/cada 1.893 habs);
Guarulhos/SP: 600 gms e 1.251.000 habs (1 p/cada 2.085 habs);
Barueri/SP: 580 gms e 256.800 habs (1 p/cada 442 habs);
Paulínia/SP: 211 gms e 73.014 habs (1 p/cada 346 habs);
Praia Grande/SP: 300 gms e 237.500 habs (1 p/cada 791 habs);
Rio de Janeiro/RJ: 5.500 gms para 6.000.000 habs (1 p/cada 1.090 habs);
Belford Roxo/RJ: 280 gms para 495.000 habs (1 p/cada 1.767 habs).
Em todas essas cidades a Guarda Municipal tem atribuições na segurança pública como a prevenção do crime e da violência, utilizando-se de armas não letais.
São cidades com população muito maior que Mangaratiba, sim, mas em Louveira/SP – com 29.700 habitantes – e em Cantagalo/RJ – com apenas 20.100 habitantes – cidades menores que a nossa, a Guarda Municipal também atua na segurança pública. Certamente, com um número muito menor de GMs que Mangaratiba.
É preciso entender que segurança pública é qualquer ação que dê à população uma sensação de tranquilidade. Segurança é um dever de todos e a Guarda Municipal não poder ficar de fora.
“O papel da Cidade é, sobretudo, a responsabilidade de desenvolver políticas preventivas. No entanto, os prefeitos se omitem, argumentanto que segurança pública é um problema dos governos estaduais. Um ou outro acordou para uma nova realidade. O problema da segurança pública precisa ser compartilhado por todos os níveis de administração.”
São palavras de Julita Lemgruber (foto) - socióloga, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, ex-diretora do Sistema Penitenciário e ouvidora de Polícia do Estado do Rio de Janeiro de 1999 a 2000, integrante da equipe que formulou o Plano Nacional de Segurança Pública do Governo Lula.
Postado por LACERDA
Retirado de: http://muriqui-lacerda.blogspot.com/2010/01/conselho-comunitario-de-seguranca.html
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