quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Morto a tiros modelo da Guarda Municipal

Vitor Carmezim, do A Tarde

Elôi Corrêa/ Agência A Tarde

No lançamento da campanha, rapaz aparece imponente nos cartazes espalhados pela cidade

No lançamento da campanha, rapaz aparece imponente nos cartazes espalhados pela cidade

Uma infeliz coincidência envolve o assassinato do segurança particular Saidemberg Cruz, 32 anos, na noite de terça-feira, 22, em Cajazeiras VIII. Contratado como modelo da campanha publicitária da recém-lançada Guarda Municipal de Salvador – com fotos estampadas em outdoors pela cidade – Sassai, como era conhecido, foi vítima da violência que grassa, sorrateira, em muitos pontos da capital.
Torcedor do Bahia, ele acabava de voltar da casa de um amigo, onde assistiu ao jogo num canal fechado, acompanhado da mulher, quando foi surpreendido por cinco homens em dois carros que já chegaram atirando. Ele foi atingido por sete tiros, perto da casa da mãe, chegou a ser levado ao posto médico do bairro, mas não resistiu. O enterro aconteceu no Cemitério Bosque da Paz na tarde de quarta, 23.
Na foto da campanha, Saidemberg Cruz se destaca, imponente. “Meu filho era lindo. Um ótimo filho. Ele morreu pedindo justiça, e isso nós devemos a ele”, diz a mãe, Lúcia da Cruz, com a voz embargada pela emoção. “Ele era muito querido por nós, muito conhecido na rótula (de Cajazeiras VIII) e aqui no bairro”, completa.
Apesar de estar vestido com a farda da guarda nas fotos, de acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, o segurança não chegou a sequer prestar o concurso. A mãe, porém, acha que o filho ter aparecido nas fotos pode ter chamado a atenção “de quem não devia”. “Vai ver até acharam que meu filho estava ganhando muito dinheiro e tentaram roubar. Um dia vai colocar a mão na cabeça e pensar: ‘Matei o pai de dez filhos’”, diz a mãe do rapaz.
Saidemberg era segurança particular de pontos comerciais no final de linha de Cajazeiras, mas morava no bairro de São Marcos. Deixou dez filhos órfãos. Segundo agentes da 13ª CP – Delegacia de Cajazeiras –, ele não tinha passagem pela polícia, mas o trabalho que fazia como segurança pode ter causado problemas. “Não sei se foi o caso dele, mas muitos seguranças particulares acham que são policiais e fazem coisas que não são devidas e acabam tendo uma espécie de rejeição das pessoas”, afirmou um agente que não quis se identificar.
De acordo com o boletim de ocorrência, um traficante conhecido como Jeguerê faria parte do grupo que assassinou o modelo. No entorno do local do crime, as pessoas evitam falar do assunto. Ninguém trata de possíveis desentendimentos do segurança com pessoas da comunidade. A lei do silêncio impera. 
Saidemberg Cruz de Santana foi enterrado com a camisa do time do coração e o caixão foi coberto com a bandeira azul, vermelha e branca do Bahia. 

Enviado por: Comandante Norberto

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