terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Famílias que são retiradas de áreas invadidas retornam aos núcleos de favelas

É enxugar gelo

Questão habitacional Pessoas que receberam casas do Moradia Legal seriam responsáveis por novas invasões

GUTO SILVEIRA
Gazeta de Ribeirão
antonio.silveira@gazetaderibeirao.com.br
Famílias que foram retiradas de áreas invadidas estão voltando para núcleos de favelas. Um dos principais problemas é favela de Santa Tereza, de onde foram retiradas 15 famílias. A informação é do coordenador do Movimento Livre Ribeirão, Marcelo Batista.
Segundo Batista, já ocorreram casos em que a Guarda Civil Municipal teve de intervir para evitar a instalação de novos barracos na Santa Tereza. "Lá na barragem, praticamente todos os dias há tentativa de invasão", disse Marcelo.
Ele informa que integrantes do movimento têm tentado evitar as novas invasões ou o retorno de famílias que conseguiram casas para favelas. "Até já fizemos denúncia formal para a Cohab, para evitar. Também orientamos as famílias que a chance de conseguir uma casa é única. Eles não vão conseguir outra", afirmou.
Outro problema, segundo ele está na área formada pelo quadrilátero das ruas Terezinha Chiarelo, Antônio Mulin e avenidas Cásper Líbero e Manoel Antonio Dias, no Parque Ribeirão Preto, conhecida como núcleo João Sujo. O local sofreu, no ano passado, três desocupações. Mas ainda há cerca de 50 residências, a maioria de alvenaria.
O presidente da Cohab, Rodrigo Arenas, admite a existência de tentativas de invasões e de venda de casas entregues pelo programa Moradia Legal, que retira moradores de favelas e os leva para casas. "Já entramos com pedido de reintegração de posse de três residências entregues. Não é a nossa vontade, mas quando há venda, perdem o imóvel quem vende e quem compra", disse.
Arenas conta que no Jardim Aeroporto, de onde foram retiradas 29 famílias e levadas para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, as casas antigas foram demolidas, mas houve tentativa de formação de novo núcleo. "Quando temos notícia da tentativa, acionamos a Guarda Municipal para evitar", afirmou.
No local, a Secretaria de Assistência Social teve de fazer uma reavaliação do cadastramento de moradores, para evitar o oportunismo de pessoas que esperam conseguir uma residência. Mas apenas os cadastrados antes do "congelamento de favelas", feito em 2007, terão direito.
Invasão é para obter casa própria
É mesmo a intenção de conseguir uma moradia dos programas Moradia Legal e Cidade Legal que leva famílias a invadirem áreas públicas destinadas a parques ou praças. A vendedora de frutas Luzia de Fátima Alves, 35, está há cerca de um ano em na área da avenida Cásper Líbero, à espera de conseguir uma residência.
"Mas nem sabemos se vamos ficar aqui", disse. Ela conta que comprou a área no local, com apenas um cômodo, por R$ 10 mil. E ampliou um pouco a casa. "Mas paramos de mexer porque pode ser necessário sair", afirmou. Antes de se mudar para a área ela pagava aluguel de R$ 250 por mês em uma casa do Jardim Progresso. "Mas conseguimos economizar e comprar aqui." Segundo Marília Biagini, diretora do Departamento de Proteção Social Básica da Secretaria de Assistência Social, as famílias da área estão "sob observação." (GS)

Retirado de: http://www.gazetaderibeirao.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1671503&area=92020&authent=2743CFCEB360309EFAC45523D98995

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