A comunidade do Vale Dourado se reuniu na escola municipal Waldson Pinheiro para exigir do poder público providências contra a violência no bairro. Entre os principais pedidos está a volta da Guarda Municipal permanente na escola, que sofreu uma tentativa de invasão por três adolescentes armados na última terça-feira. A reunião, realizada na escola, contou com a participação de mais de 250 pais de alunos, a direção do Waldson Pinheiro, representantes da Polícia Militar e Conselho Comunitário.
A Secretaria Municipal de Educação, convidada pela direção da Escola, não enviou nenhum representante ao encontro. Enquanto a questão da Guarda Municipal não é resolvida, a Polícia Militar irá fazer duas paradas provisórias no local, uma no horário de entrada dos alunos e outra no horário da saída. Além disso, a direção conseguiu novos vigilantes para a Escola, tendo em vista que o último pediu transferência após ser ameaçado de morte pelos mesmos adolescentes que tentaram invadir o Waldson Pinheiro.
Na manhã de ontem, a direção recebeu a visita de cinco pais e mães preocupados, que pediram a transferência dos filhos. “Repercutiu muito mal e eu já imagino que se nada for feito o número de matrículas do próximo ano será bem menor”, afirma o diretor João Bosco da Silva. E complementa: “Eu consegui convencer os pais a não tirarem os seus filhos, mas a comunidade precisa se mobilizar para impedir novos atos de violência”.
Uma das mães preocupadas com a confusão na Escola Waldson Pinheiro é Andréia Patrícia da Silva, de 44 anos, que há 12 anos mora no Vale Dourado. “Saí de casa pensando em tirar meus dois filhos da escola no próximo ano, porque não dá pra você mandar o seu filho para a escola sem saber se ele vai voltar”, explica Andréia. “Todos os pais aqui estão muito preocupados com essa situação do colégio e é preciso que a Prefeitura tome uma atitude o mais rápido possível”, acrescenta.
A reunião contou também com palestras da Polícia Militar sobre como os pais devem se portar diante do quadro de violência no Vale Dourado. “Os pais não podem deixar a educação apenas com a escola. É preciso participar mais, observar as amizades, controlar o que o filho faz”, diz o major Lenildo de Sena, que representou a PM no encontro. O major afirma que a participação dos pais se faz mais necessária pela situação do bairro de Nossa Senhora da Apresentação, onde o conjunto Vale Dourado está localizado. “O tráfico de drogas é muito forte e tenta atrair os adolescentes e crianças do bairro”, analisa. Hoje, o bairro de Nossa Senhora da Apresentação, junto de Pajuçara, tem o maior índice de homicídios da capital e, de acordo com o major, a maioria deles está ligada a cobrança de dívidas de drogas.
Promotor da Educação
O promotor da Educação, Raimundo Silvio, acredita que o problema da violência precisa ser combatido a partir de uma atuação integrada das instituições com a sociedade. O caso do Vale Dourado não se encaixa, de acordo com o promotor como violência na escola. “Tem sido muito comum casos de violência que não são da escola, mas que afetam o ambiente escolar. Nesse caso, era um problema gestado fora da escola”, diz Raimundo Silvio.
Quanto à presença da Guarda Municipal, o promotor afirma que ela é indicada apenas em casos mais críticos. “Não podemos entrar numa neurose e achar que em toda escola é preciso a presença da polícia”, aponta. Raimundo Silvio afirmou desconhecer qualquer estudo sistemático sobre as escolas localizadas em áreas de risco, mas que seria uma importante contribuição. “Qualquer ferramenta que propicie um melhor conhecimento da realidade ajuda no planejamento”, encerra.
Retirado de: http://tribunadonorte.com.br/
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