domingo, 21 de fevereiro de 2010

Casos de violência policial aumentam em Alagoas

Só no ano passado, Corregedoria da Polícia Militar de Alagoas recebeu mais de 500 queixas

Gazeta de Alagoas - Maurício Gonçalves

  Flagrante onde policiais do BOPE agridem um jovem na orla de Maceió (Foto: Divulgação)

A lei do mais forte se impõe aos sopapos e bofetões. Quando a truculência calça coturno e usa farda, a covardia se traveste de policial militar, justamente o profissional pago pelo Estado para proteger o cidadão. Sob a desculpa de manter a ordem, agentes da lei se aproveitam do poder para agredir pessoas indefesas. Sejam criminosos ou não, eles distribuem pancadas a torto e a direito.
Os casos de violência policial sempre foram uma espécie de assombração nos porões da segurança pública. E, como tal, eram tratados como fantasmas, ignorados ou esquecidos da vida oficial, perdidos em meio à burocracia da impunidade. Uma sujeira histórica que não pode mais ser jogada embaixo do tapete, um passado de vergonha que começa a mudar. A ação dos brutamontes ainda é intensa, novos casos não param de acontecer, mas agora eles são flagrados, denunciados, investigados e punidos.
OAB registra mais de 100 denúncias
A dor física e os machucados espalhados pelo corpo ocultam um trauma que não cicatriza. Após a humilhação sofrida, o medo ainda trava a busca pela justiça. A OAB recebeu mais de cem denúncias de violência policial em 2009, mas sabe que o número poderia ser bem maior. “Muitas vítimas vêm aqui, contam todos os detalhes e não têm coragem de denunciar oficialmente”, explica o coordenador de Direitos Humanos do órgão, Gilberto Irineu.
Segundo o advogado, a incidência de agressões e outros crimes é muito alta porque ainda existem muitos “homens da lei” despreparados para o ofício. Estes maus policiais “têm um despreparo em termos de conhecimento humano no trato com o cidadão, um despreparo jurídico de como proceder, um despreparo técnico-operacional, além da falta de equilíbrio emocional no momento das abordagens”, afirma.
“Responsável vai pagar”, diz Rubim
Durante a entrevista coletiva sobre os índices de violência no carnaval, o secretário de Defesa Social Paulo Rubim declarou que a polícia vai agir com toda clareza neste caso. “Quem for responsável, vai pagar, disso não tenham dúvida”, disse Rubim. O diretor-adjunto da Polícia Civil, delegado José Edson, comentou sobre a atuação rápida da polícia para contornar o problema. “Tratava-se de um policial que deu um tiro para cima, mas ficou tudo plenamente controlado”.
Apesar do mal-estar entre as duas polícias, o secretário Rubim deixou um recado claro. “Não me venham com essa conversa se estavam de serviço ou não. Eu acho o maior absurdo do mundo, qualquer policial, quando for abordado, não tratar o outro policial com educação. Eu, como secretário, sou abordado em blitz, às vezes não sou reconhecido, trato todos muito bem, desligo o carro e mostro meus documentos”.
Policiais investigados por vários motivos
Segundo Egivaldo Lopes, os motivos das investigações variam bastante, mas há uma grande quantidade de casos por abuso de autoridade, agressões, mau atendimento à população e falta ao serviço. A corregedoria atua na esfera administrativa. Os casos que envolvem crimes são encaminhados para outra investigação na esfera penal, através da instauração de inquérito policial.
Situada no 8º andar do antigo prédio do Produban, no Centro, a sede da Corregedoria Militar também tem a vantagem de ficar isolada do Quartel Geral da PM. Para o subcorregedor geral, tenente-coronel Jairo Sales, a localização ajuda o denunciante a se sentir mais amparado, mas uma conjunção de fatores contribuem para a abertura de 542 procedimentos no decorrer do ano passado.
Vigilante acusa Bope de agressão
Já o vigilante Alexsandro da Silva afirma que estava simplesmente brincando com um grupo de amigos na Ilha da Crôa, na Barra de Santo Antônio, quando começou a ser espancado por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
“A gente estava sambando quando cerca de dez homens do Bope, sem tarja de identificação, começaram a bater com o cassetete em mim e no meu cunhado, João Antônio dos Santos Neto, foram muitas pancadas na cabeça e nas costas, sem parar”.
A agressão aconteceu na madrugada da quarta-feira de cinzas.

Retirado de: http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=197374

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